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Entrevistas

Rosemary Ramos

A doutora em educação, Rosemary Lacerda Ramos, coordena o LUDES - Grupo de Estudo e Pesquisa em Ludologia, Educação e Saúde desenvolvendo estudo sobre o lúdico e suas interfaces com a educação e a saúde. Nesta entrevista, ela fala sobre as relações escola

Entrevista com Rosemary Ramos

31/07/2012 - por Camila Paranhos

A doutora em educação, Rosemary Lacerda Ramos, coordena o LUDES - Grupo de Estudo e Pesquisa em Ludologia, Educação e Saúde desenvolvendo estudo sobre o lúdico e suas interfaces com a educação e a saúde. Nesta entrevista, ela fala sobre as relações escola, crianças e familiares e afirma: "a ludicidade representa os modos de relação e convivência da criança com o mundo".

 

Humanidades Editora e Projetos - As crianças de hoje brincam como as de ontem?
Rosemary Ramos - Logicamente que não. Os tempos são outros. A tecnologia está mais inserida em nossas vidas, as crianças têm perfis diferenciados daquelas de antigamente. Há, nas grandes capitais, uma redução dos espaços livres. Com a urbanização crescente, extingue-se, nas grandes metrópoles, o espaço do brincar na rua com os vizinhos. Por outro lado, as crianças hoje têm acesso a uma gama diferenciada de jogos e brincadeiras que contribuem com o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e motoras diferenciadas daquelas desenvolvidas antigamente.

Humanidades: Para você, isso influencia no desenvolvimento e na criatividade da criança?
Rosemary -
Em tudo há aspectos negativos e positivos. O perfil atual dos jogos, ao tempo em que exige menos habilidades motoras que “subir em árvores”, requer maior capacidade de concentração, prevê um alto grau de interação virtual, exige muito mais do raciocínio lógico. Todas as atividades lúdicas da criança influenciam, sim, positivamente, em seu desenvolvimento, quer exijam mais habilidade corporal, mental, lógico matemática, interpessoal, etc.

Humanidades: O que a ludicidade representa no cenário infantil?
Rosemary -
No cenário infantil a ludicidade representa os modos de relação e convivência da criança com o mundo. Justamente através das atividades lúdicas a criança se relaciona com o mundo, consigo e com o outro, conhecendo-o e conhecendo a si mesma. Além disto, constitui-se forma de expressão genuína da infância.

Humanidades:  Qual o papel do ludismo na atividade pedagógica?
Rosemary -
Instaura um campo de aprendizagem propício à formação de imagens, à conduta autorregulada, à criação de soluções e avanços nos processos de significação.

Humanidades:  As escolas já se deram conta de que, através da ludicidade, as crianças podem aprender melhor e com mais vontade?
Rosemary - 
   Acredito que se deram conta, sim, embora nem todas consigam abrir espaço significativo para a manifestação do universo lúdico da criança. As reflexões teóricas sobre o tema têm-se ampliado significativamente. Do mesmo modo, tanto os Referenciais, quanto os Parâmetros Curriculares Nacionais fazem referência à importância da presença dos jogos e brincadeiras no universo escolar. Tudo isto contribui para fortalecer a cultura lúdica nesse universo, contudo, há que haver “vontade administrativa e pedagógica” para tal.

Humanidades:  Existe espaço para este tipo de atividade dentro das Instituições?
Rosemary -
Sim. Na atualidade, algumas instituições de ensino têm organizado e estruturado seus espaços para acolher e fortalecer o brincar da criança, entretanto essa iniciativa se reduz quanto maior é a criança. Assim, em escolas de educação infantil observamos um cuidado na organização dos espaços lúdicos, mas, no ensino fundamental, especialmente do 5º ao 9º ano, há uma redução desses espaços e recursos lúdicos. O que não é positivo, pois a Ludicidade é essencial no processo de desenvolvimento e aprendizagem do ser.

Humanidades:  O ludismo influencia na criança da mesma forma que no adolescente? Como lidar com as diferentes necessidades nesse sentido?
Rosemary -
Influencia de modo diferenciado pois as necessidades da criança são diferentes daquelas do adolescente, afinal estamos tratando de seres humanos em estágios de desenvolvimento distintos. Para lidar com as diferentes necessidades, importa considerar as possibilidades de cada grupo: nos níveis fisíco, psíquico e moral ofertando / disponibilizando espaços adequados a cada faixa etária, de modo a potencializar esse contato e imersão no universo lúdico.

Humanidades:  Quais são os reflexos do lúdico nas relações familiares?
Rosemary -
Nas relações familiares o Lúdico tem uma função catalisadora: ao tempo em que amplia, qualitativamente, o tempo em que pais e filhos ficam juntos, fortalece os laços afetivos, abre espaço para o diálogo, aproxima e traz leveza ao cotidiano familiar.

Humanidades:  Além de “aprender brincando”, há mais alguma sugestão para que a educação das crianças seja mais eficaz?
Rosemary -
Aprender com ética e estética elevadas, expandido o grau de consciência de educandos e educadores. 

Humanidades:  Você também estuda o universo lúdico influenciando na saúde. Como seria utilizado nesse contexto?
Rosemary -
Pesquisas diversas confirmam que as atividades lúdicas contribuem acelerando a produção de certos hormônios que favorecem o fortalecimento do sistema imunológico, portanto, além de tudo que já tratamos, brincar beneficia a saúde da criança, pode acelerar seu processos de cura e, portanto, contribuir com a redução do tempo de hospitalização, quando for este o caso. Além disso, permite a construção de uma experiência mais positiva em um momento difícil que é o estado de adoecimento.

Humanidades Educação

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